Monday 10 February 2014

O adiamento do Benfica Sporting mexe com o jogo?

Passou a ideia que com o adiamento do Benfica Sporting (estádio danificado pelo mau tempo) o "efeito surpresa" de Jardim ao fazer algumas alterações na equipa perdeu-se. Ainda hoje o antigo jogador do Sporting, Oceano, disse isso mesmo. Quando vi o "onze" do Sporting também me perguntei se Jorge Jesus tinha antecipado esses cenários (nomeadamente o da entrada em jogo de Slimani) e se tinha a equipa preparada para este "novo" Sporting. É óbvio que agora há mais tempo para palestras, re-organizações táticas que sejam importantes em face da estratégia do adversário, etc.

Contudo, acho que Jardim já teve uma vitória. Pôs o Benfica psicologicamente "à defesa" com estas mudanças, mostrou coragem e vontade de ir à Luz para vencer. Paradoxalmente, o adiamento do jogo pode ajudar o Sporting neste aspecto... deixa de haver surpresa mas sabe-se, agora com mais tempo para que a mensagem "passe", que o Sporting não vai arriscar jogar apenas com a sorte para sair da Luz com pontos. Este aspecto, aliado ao facto do estádio do Benfica se ter apresentado em condições muito estranhas e perigosas num dia em que o tempo esteve muito agressivo, de repente ajuda a criar a ideia que se calhar o Sporting vai jogar com menos "vento contra" do que se imaginava. 

Jesus fez bem em deixar Cardozo no banco, e a grande vantagem para o Benfica com o adiamento do jogo pode ter mesmo que ver com a melhoria das condições climatéricas. Quando uma equipa está a jogar melhor futebol (já o dissemos, o Benfica está a jogar melhor do que o Sporting) a ocorrência de chuva intensa ou de ventos muito fortes (como era o caso ontem) acrescentam sempre incerteza ao jogo. A entrada de Slimani no onze do Sporting talvez também tenha que ver com esses factores, porque ajuda o Sporting a jogar mais directo. Se o dia amanhã estiver melhor, vai ganhar o futebol e a disputa tática será ainda mais interessante!    

p.s: o posicionamento de Montero amanhã será um dos aspectos mais curiosos e importantes da partida. Pode ser que a ideia de Jardim seja a de criar grande superioridade numérica no meio campo ofensivo, prejudicar a acção de Fejsa e a da primeira fase de construção do Benfica com uma pressão muito forte logo de início. Não antevejo um Montero colado à ala, embora ele ou André Martins terão que fugir mais vezes para o lado onde não está Heldon para alargar o jogo. Será que isso não pode também ajudar a vida do ala do Benfica que actua do lado em que não há extremo, não tendo ele de recuar tanto para acompanhar o lateral?   

Thursday 6 February 2014

Benfica-Sporting: previsão

O Benfica parte com uma vantagem importante para este jogo. Apesar de prever um jogo disputado, a vitória será do Benfica. Uma vitória com dois golos de diferença não seria uma grande supresa, embora um 1-0 ou 2-1 seja mais fácil de antecipar num jogo tenso e duro como este deverá ser.  

Para esta previsão pesam obviamente o “factor casa”, a ausência de William Carvalho e de Jefferson. São dois jogadores fundamentais no Sporting. Jefferson às vezes passa despercebido, mas dá imensa profundidade ao corredor esquerdo e a alternativa é pior.

A somar, o Benfica (que tem contra si o ter de refazer o meio campo sem Matic) tem jogado melhor futebol, marcado mais golos e aparece mais seguro nesta fase. O empate do Sporting com a Académica em casa pode ter sido fatal, ao anular o efeito negativo que o empate do Benfica tinha tido (Gil Vicente), e tira confiança à equipa (que já não andava muito bem).

Destaques:

No Benfica os destaques vão passar por Enzo Pérez, Gaitán e Markovic. A boa forma de Gáitan e Markovic tem sido fundamental e contra uma defesa algo lenta, estes dois vão causar estragos! Veremos também se Rodrigo anda desconcentrado com a sua venda, como pareceu no último jogo. Não se percebeu ainda se Cardozo joga de início ou não. O melhor seria começar com Lima e Rodrigo e deixar Cardozo para a 2ª parte se for preciso para não mexer com a boa dinâmica da equipa nos últimos jogos e porque Cardozo ainda não recuperou a forma. 

No Sporting, antecipo um Eric Dier aplicado mas com dificuldades em controlar os médios ofensivos do Benfica, um meio campo que embora tenha três homens vai parecer que só tem dois e problemas para a defesa no seu conjunto. O Benfica vai ter mais oportunidades de golo, resta saber se as vai concretizar. O maior perigo para o Benfica virá de Slimani (se aparecer a titular, sozinho na frente, não será uma grande surpresa), e possivelmente de Carillo ou mesmo Heldon numa das alas (são dos poucos que através da velocidade podem romper com a monotonia). O Benfica sobe muito os laterais e de certeza que o Sporting vai insistir por aí... daí que não seja estranho se Heldon for lançado no jogo.  

Conclusão: vitória do Benfica com dificuldades mas sem precisar de muita sorte para levar os 3 pontos.

Monday 27 January 2014

Também André Gomes?

Tem-se falado por estes dias da possível saída de André Gomes do Benfica. A notícia que saiu é aliás um pouco estranha: o empresário Jorge Mendes terá comprado o passe do jovem médio por 15 milhões de euros! (muito dinheiro para um jogador que está - infelizmente - demasiado encostado no Benfica, e que ainda tem que provar o seu valor).

A primeira reação (se se confirmar a notícia) é por isso boa para o Benfica. Bom encaixe financeiro com um jogador que não é "garantido", e que joga pouco na equipa. Ainda não se percebeu se esta solução passaria por uma saída do jogador já neste mercado de Inverno ou não (parece que sim, a ser verdade a iniciativa do empresário), e é aqui que pode estar o primeiro problema para o Benfica.

A saída de André Gomes neste momento é perigosa para o Benfica. O clube já perdeu Matic e agora arrisca-se a ficar sem uma alternativa importante para a posição de Enzo Pérez. Neste momento o Benfica está muito mais limitado na escolha de médios centro e se sair André Gomes volta-se a um grande desiquilíbrio no plantel.

André Gomes é um bom jogador, sabe estar em campo, com boa capacidade de passe, visão de jogo, boa técnica e que com confiança/experiência pode segurar o meio-campo com um médio defensivo a seu lado (para além de ser um jogador útil num 4x3x3). Precisa de tempo, de mais intensidade e agressividade e que acreditem nele. Pode ser útil ao Benfica nesta segunda metade do campeonato, que se arrisca de outra forma a ficar só com Rúben Amorim para cobrir duas posições.

Depois há o problema da diferença entre o discurso e a prática do Benfica. No momento em que (algo oportunisticamente) a liderança do Benfica se "vira" outra vez para a formação e para uma suposta aposta em jogadores jovens e portugueses "da casa", aceita-se vender (ainda que por um bom preço) uma das suas maiores promessas sem que se lhe tenha dado tempo para jogar e crescer na equipa principal. Embora a proposta seja tentadora, há que medir bem se vale a pena desistir já deste jogador, de uma estratégia e de uma lógica de médio e longo prazo.

No mínimo, os responsáveis do Benfica fariam bem em acautelar o curto prazo e os próximos meses de competição... e seria bom esclarecer os montantes envolvidos, que (reconheça-se) quase não parecem reais.  

Tuesday 24 September 2013

O Benfica melhorou com Fejsa e Cardozo (mas ainda há um longo caminho pela frente)

Como se viu nos últimos jogos, Jorge Jesus está a apostar muito em Fejsa, que assim forma dupla no meio-campo com Matic. Enzo passou para a direita, e a ligação ofensiva na zona central do campo tem sido procurada através de Djuricic: o tal "9,5" que o treinador procurava e que só é credível porque Cardozo está de volta. Este sistema já está a ter vantagens para a equipa, sobretudo em termos de preenchimento da zonal central do campo e protecção defensiva, mas também implica algumas dificuldades quando a equipa se vira para a frente. Saber se o Benfica será capaz de fazer boas ligações para lá da linha de meio-campo quando passa a jogar com dois jogadores com maior vocação defensiva (Matic e Fejsa) vai ser muito importante para definir se esta equipa tem tanto poder ofensivo como parece poder vir a ter na defesa.

A entrada de Fejsa coloca um desafio muito grande a Matic. Ele deixa de ser o primeiro construtor de jogo (é Fejsa quem agora baixa para junto dos centrais, que fogem para as laterais quando o Benfica sai a jogar), e tem que receber a bola "de costas", ser mais rápido no passe, encontrar os espaços certos e levar o jogo para a frente em posse quando os caminhos do passe estão fechados. As características físicas de Matic não lhe dão grande mobilidade e sobretudo velocidade em espaços curtos, mas a questão está em saber se ele consegue compensar isso com a sua capacidade de manter a bola controlada, e com a visão de jogo e qualidade de passe que demonstrou o ano passado. Matic terá, isso sim, de mostrar mais intensidade nesta posição.

O outro aspecto importante é a definição do jogador que ocupará o espaço do "9,5" e o tipo de jogo que se pretende dele. A aposta em Djuricic, por mais que custe ver Markovic demasiado preso à esquerda, tem feito sentido nesta fase. Fica aliás a impressão que a ligação entre Matic e Djuricic passou a ser um aspecto chave da estratégia da equipa. O maior risco para este novo desenho do Benfica é que haja um espaço de desiquilíbrio entre Matic e o "9,5", sobretudo em jogos onde a batalha a meio-campo seja dura e se queira evitar o recurso excessivo ao jogo directo para Cardozo. Com Markovic (um desiquilibrador nato que não é tão disciplinado no posicionamento defensivo) a jogar pelo meio, esse risco pode aumentar. E também não parece inevitável que Markovic fique tão limitado ao seu flanco como se tem visto mesmo que tenha Djuricic a jogar mais pelo meio.

Na figura em baixo, pode ver-se a formação inicial do Benfica no jogo da "champions" contra o Anderlecht (casa) e Guimarães (fora), para o campeonato.

Tuesday 10 September 2013

Quantos jogadores deve ter um plantel de futebol? Os treinadores portugueses respondem

Há diferenças curiosas na dimensão dos plantéis do Porto, Sporting e Benfica. O Sporting tem 21 jogadores na equipa A, o Porto tem 24 e o Benfica 28. Quem está melhor? 

Não há uma resposta certa para esta questão, como é óbvio, mas a experiência diz muito e o conselho dos grandes treinadores deve ser ouvido. Mourinho sempre disse que gostava de plantéis curtos, com 24, 25 jogadores, no máximo. Tem sido coerente nisso, e assegura assim que todos os jogadores se sentem úteis (dentro do possível...) e que tem um grupo de homens coeso, em que reina o espírito de entre-ajuda entre todos.

O ideal é ter dois jogadores por posição (com a excepção dos guarda-redes, que devem sempre ser três), aos quais se podem juntar uma ou duas "sobras" para poder colmatar debilidades que a equipa possa ter e permitir variações ao longo da época. Assim temos: 22 (dois jogadores por posição) + 1 (terceiro gurda-redes) + 2 ou 3 (o excedente "admissível"), o que dá um total de 25/26 jogadores. Mais do que isso começa a ser demais, e mesmo a organização do treino deve complicar-se. 

Sendo assim, o plantel do Sporting parece um pouco curto, embora possa ganhar em coesão e até colher frutos caso não hajam muitas lesões. Lembre-se que o Sporting tem a "vantagem", a este respeito, de ter menos jogos por estar fora das competições europeias.

Já o plantel do Porto parece o mais equilibrado na distribuição de valor pelas várias posições. Ter 24 jogadores, como pedia Paulo Fonseca, faz todo o sentido e permite ao treinador ter um bom equilíbrio entre a qualidade de opções e a oportunidade de jogar para todos.

No Benfica, já se percebeu que Jesus gosta de abundância. Tem 28 jogadores à sua disposição (que é imenso!), e o ano passado também apresentava um número excessivo. Mesmo que os "excedentes" possam trazer mais soluções ao treinador ao longo da época, eles também implicam custos muito importantes na gestão da equipa. Não se percebe aliás a necessidade de ter Cortez (agora com Siqueira, que poderá estar protegido por Sílvio e até André Almeida), Mitrovic (são cinco defesas-centrais), André Gomes (dificilmente terá alguns "minutos" e devia por isso ter sido emprestado para jogar mais) ou Funes Mori (outra opção que parece inexistente). Veja-se que a lista da "champions", com as ausências de Mitrovic, Cortez e Mori só dá razão a este argumento. Devem evitar-se situações destas, que desmoralizam os atletas, que ficam numa espécie de "escalão B" do plantel principal. A resposta a este problema específico não é apenas a de encontrar mais jogadores portugueses, mas também a de procurar evitar números no plantel que são claramente desnecessários. O mais curioso na lista do Benfica é que Salvio, outro estrangeiro, teve de ficar de fora por lesão. Quem é que iria sair se Salvio não se tivesse lesionado? Custa imaginar...

Deixem o Artur em paz

Segundo as informações que correm, o Benfica terá mesmo estado interessado na contratação do brasileiro Júlio César, um guarda-redes excelente mas já em fase descendente. Muitos adeptos benfiquistas parecem partilhar esse desconforto em relação ao seu actual guarda-redes titular. Isso é estranho a dois níveis: é injusto para com Artur, que não sendo perfeito, já provou ser um "número 1" com imensa qualidade, e desvia as atenções de algumas lacunas muito mais importantes no plantel, por exemplo na questão dos laterais. O maior problema do Benfica na equipa titular é Maxi Pereira, que está longe do fulgor e energia de outros tempos. Veremos se Siqueira será capaz de dar a força e maturidade desejada à ala esquerda do Benfica, que seria importantíssimo para a equipa.

Há dois aspectos em que Artur não é, de facto, perfeito. Tem limitações no seu jogo com os pés, e por vezes tem dificuldades (por ser um jogador alto e que não é leve) nas bolas baixas que chegam com muita força, em particular quando apontadas para o seu lado esquerdo. Foi assim que cometeu um erro importante contra o Estoril o ano passado, e foi também assim que Kelvin marcou o golo que decidiu o campeonato, embora esse remate também tenha muito mérito pela sua excelente execução. 

Mas o Benfica não é o Bayern de Munique, nem deve tentar sê-lo. Não tem que ter o melhor guarda-redes do mundo, mas deve procurar neste caso proteger, valorizar e dar confiança a um jogador que já deu imensos pontos ao Benfica, com defesas espantosas, uma regularidade apesar de tudo notável e que é portador de uma boa qualidade técnica. Aliás, nao há grandes diferenças entre Artur, Hélton ou Rui Patrício. São os três bons guarda-redes (Hélton com mais experiência de alto nível e Patrício ainda com maior margem de progressão), e todos eles dão garantias de qualidade aos seus clubes.

Para o Benfica, dar a volta psicologicamente ao que aconteceu no fim da época passada também passa por não continuar a insistir na busca de culpados e em conseguir valorizar e apreciar o bom que se tem. Uma equipa motivada, que recebe confiança de todos, joga o dobro. Se os adeptos e até a direcção do Benfica acham que um Artur em boa forma e confiante não chega para o clube, então talvez o problema não esteja nele...

Tuesday 3 September 2013

As últimas do mercado (Porto)

No Porto as movimentações foram discretas. Preocuparam-se (e bem) sobretudo com a blindagem de grandes activos como Mangala, Fernando e Jackson, sendo que todos eles tinham boas oportunidades de sair neste defeso. Nesta fase, a saída de qualquer um deles podia desestabilizar a equipa. O Porto emprestou ainda Abdoulaye e Tiago Rodrigues ao Vitória de Guimarães, e Iturbe ruma ao Hellas Verona, também por empréstimo. É uma arrumação de casa que faz todo o sentido. Ainda se pensou que Iturbe podia finalmente explodir na Europa, mas pelos vistos o Porto não acredita muito nisso. Em termos gerais, muito boa abordagem do Porto ao mercado, como tem sido hábito. A maior lacuna do Porto (sobretudo para as competições europeias) continua a ser a falta de um outro extremo que pudesse agarrar o lugar de caras. Aí, o Porto falhou a contratação de Bernard (jogador fabuloso que rumou ao Shaktar Donetsk) e mais recentemente, ao que tudo indica, também a de Vitinho, jovem promessa brasileira que vai jogar pelo CSKA de Moscovo. O dinheiro russo e ucraniano parece assim ser o principal obstáculo ao domínio do Porto no mercado brasileiro. Sendo assim, há Varela, Licá, Kelvin, Josué e Quintero. São boas opções e Quintero arrisca-se a ser extraordinário, mas resta saber se tanto ele como Josué (com uma "raça" incrível) não se sentem mais confortáveis como interiores do que jogando a partir das alas. Boas dúvidas para Paulo Fonseca dirimir nos próximos tempos...